POLÊMICA NA SÉRIE C

No último sábado o estádio Presidente Vargas, em Fortaleza foi palco de talvez uma das maiores polêmicas do futebol brasileiro. Em partida válida pelo Grupo B na primeira fase do Campeonato Brasileiro da Série C, Fortaleza e CRB se enfrentavam. O time da casa precisava desesperadamente da vitória além de depender do resultado do jogo entre Campinense X Guarany de Sobral para escapar do rebaixamento para a Série D.

Em João Pessoa, capital paraibana, o Campinense, lanterna do grupo atrasou a sua entrada em campo em oito minutos, enquanto lá em Fortaleza, a partida já havia começado. Os problemas se deram após o intervalo, quando o Fortaleza atrasou o jogo em doze minutos, chegando a voltar para o segundo tempo com o uniforme branco, mesma cor que o CRB estava usando. O placar àquela altura já marcava 2X0 para os cearenses. O Leão de Aço precisava marcar mais dois gols para permanecer na Série C.

A confusão começou a tomar forma aos vinte minutos do segundo tempo, quando o goleiro do CRB Cristiano foi expulso após supostamente agredir um gandula, segundo a súmula do árbitro carioca Guttemberg de Paula Fonseca. Como o treinador do time alagoano já havia efetuado as três substituições, o volante Roberto Lopes (ex-Madureira, Vasco e Boavista) foi para o gol. Aos 37 da etapa final, Gustavo Papa marcou o terceiro gol para o Fortaleza. Carlinhos Bala, capitão do Fortaleza, pegou a bola de dentro da meta e sinalizou com o dedo indicador como se quisesse dizer que faltava um gol.

Ao chegar o meio campo, ele cumprimentou um jogador do CRB. O quarto gol do Fortaleza foi marcado por Marco Goiano. Um pouco antes do gol ser feito, o zagueiro do time alagoano disse algo ao "goleiro" como se fosse para deixar a bola entrar. E foi o que aconteceu: aos 43 do segundo tempo saiu o quarto gol do Fortaleza, o gol da permanência na Série C.

Na Paraíba, o Campinense venceu o Guarany de Sobral por 1X0 com um polêmico gol marcado por Jonatas, supostamente em impedimento, mas não foi o suficiente para evitar o rebaixamento da equipe paraibana para a Série D. O presidente do time paraibano prometeu acionar o STJD.

Essa edição da Série C está envolta de diversas polêmicas, principalmente quando o assunto é rebaixamento. Dos quatro clubes rebaixados, três desceram de maneira digamos, pouco ortodoxa. No Grupo A, a equipe "rebaixada" foi o Rio Branco, do Acre. O time acreano chegou a ficar com 16 pontos, liderando a chave, mas foi eliminada da competição por tentar na Justiça Comum a anulação de um processo contra o clube por utilizar um jogador irregular. Com isso, os classificados foram o Paysandu e o Luverdense. No Grupo D, o Brasil de Pelotas foi punido pelo STJD com a perda de seis pontos por utilizar um jogador irregular na partida contra o Santo André. O único clube que caiu sem nenhuma anormalidade foi o Marília, no Grupo C.

Os classificados para a segunda fase foram: Paysandu, Luverdense (primeiro e segundo do Grupo A), América-RN, CRB (primeiro e segundo do Grupo B), Ipatinga, Brasiliense (primeiro e segundo do Grupo C), Chapecoense e Joinville (primeiro e segundo do Grupo D). Na segunda fase, as oito equipes se dividem em dois grupos de quatro. Os dois primeiros colocados de cada chave serão promovidos para a Série B.

O que aconteceu em Fortaleza me lembrou o episódio das semrifinais da Copa de 78, quando a Argentina precisava vencer o Peru por seis gols para ir para a final e acabou vencendo por 6X0 e o goleiro era argentino. São cenas como essas que devem ser banidas de nosso esporte. As divisões inferiores do Campeonato Brasileiro devem ser melhor fiscalizadas, pois casos como esse da capital cearense não são raros nas Séries C e D, onde o investimento é menor, quase não há transmissão pela televisão, a não ser para o estado onde ocorre o jogo. Já está na hora de uma melhor fiscalização dos nossos campeonatos nacionais.