Há exatos quarenta anos, o Brasil festejava o seu tri campeonato mundial de futebol, disputado no México. Foi uma conquista muito comemorada tanto por brasileiros quanto por mexicanos também, mas essa caminhada não foi tão fácil como muitos imaginavam.
A seleção brasileira vinha de um verdadeiro vexame da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. Para tentar conquistar o tri na terra dos Beatles, Vicente Feola convocou mais de 40 jogadores, sendo que um deles foi convocado erroneamente (Ditão do Flamengo foi convocado por engano como se fosse o Ditão do Corinthians). O resultado foi um fiasco, deixando o Brasil de fora na primeira fase.
Entre 1966 e 1969 a seleção brasileira passou por uma entressafra de jogadores, a geração bi-campeã do mundo em 58 e 62 já estava envelhecida. Os poucos jogadores que se salvaram do fracasso de 1966 foram aproveitados para atuar na seleção.
O jornalista João Saldanha assumiu o comando técnico da seleção brasileira. Ex-treinador do Botafogo, de temperamento explosivo e simpatizante do extinto Partido Comunista ele era visto com desconfiança pelos generais. Com Saldanha o Brasil fez um grande campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas. As chamadas "Feras de Saldanha" derrubaram as seleções da Colômbia, Venezuela e Paraguai. Quase sempre por goleadas. O jogo que garantiu a vaga do Brasil na Copa do Mundo foi uma vitória por 1X0 sobre o Paraguai no Maracanã com um gol de Pelé.
Logo após a clasisficação, os conflitos entre o treinador e os jogadores cresceram. Saldanha dizia aos quatro ventos que Pelé estava ficando cego, que Gérson era covarde e que Tostão não tinha condições de jogar profissionalmente, pois havia recebido uma bolada no olho, que causou descolamento de retina, jogando pelo Cruzeiro. Além disso chegou a desafiar o presidente do Brasil o general Emílio Garratzazu Médici em não convocar Dario, jogador do Atlético Mineiro, o preferido do presidente. Nessa ocasião ele disse a seguinte frase:"Eu não me meto no seu Ministério, então o senhor não se meta no meu time.".
Após essa polêmica, João Saldanha foi demitido. Para o seu lugar, Zagallo, foi convidado pra substituí-lo. Antes de treinar a seleção, o Velho Lobo havia treinado o Botafogo e conquistado o Campeonato Carioca de 1968 e a Taça Brasil do mesmo ano. Coincidência ou não, na convocação oficial para a Copa, o nome de Dario apareceu na relação. E a seleção embarcou às pressas para o México para poderem se aclimatar à altitude.
No grupo de Zagallo, dizia a lenda que ele tinha cinco camisas 10 do meio campo pra frente. Mas isso não era verdade: Pelé era 10 no Santos, Rivellino era 10 no Corinthians, Gérson era 10 no São Paulo e Jairzinho era 10 no Botafogo. Tostão, que seria o 10 do Cruzeiro, na verdade usava a camisa oito.
O Brasil pegou um grupo considerado por muitos o mais difícil da Copa. Ficou no Grupo 3 junto com a Tchecoeslováquia, vice-campeã de 62, e ainda uma seleção fortíssma. Inglaterra, campeã mundial de 1966, que manteve praticamente o mesmo grupo. E a Romênia, que era o adversário mais fraco do grupo.
A estreia brasileira foi no 3 de junho no Estádio Jalisco, em Guadalajara. O adversário era a Tchecoeslováquia. Logo aos 12 minutos Petras, o camisa oito da seleção tchecoeslovaca marcou o gol e ao comemorar fez o sinal da cruz, meio errado. O empate brasileiro veio de uma patada de Rivellino numa cobrança de falta. A virada foi com um belo gol de Pelé. Os terceiro e quarto gols foram marcados por Jairzinho. Um lance antológico desta partida foi um chute de Pelé do meio do campo o goleiro tcheco Victor correu desesperado atrás da bola, que por sorte dele foi para fora. Brasil 4X1 Tchecoeslováquia.
A partida seguinte foi contra a Inglaterra, atual campeã. Dia 7 de junho, no mesmo estádio Jalisco. Foi uma partida extremamente dura. O grande momento do jogo foi a defesa impressionante de Gordon Banks de um cabeçada de Pelé. O gol foi resultado de uma bela jogada entre Tostão e Jairzinho, que marcou para os brasileiros, que se garantiram na segunda fase da Copa após essa vitória.
Encerrando a primeira fase, foi a vez de enfrentarem a Romênia. Já classificados para as quartas de final, Zagallo tirou alguns titulares do time para poupar. O jogo foi no dia 10 de junho e o estádio Jalisco novamente foi o palco. Sem os seus principais jogadores, o Brasil teve alguma dificuldade com os romenos. Aos 20, Pelé fez o primeiro gol brasileiro. Dois minutos depois, foi a vez de Jairzinho ampliar a vantagem. Aos 33 o romeno Dumitrache diminuiu. No segundo tempo, Pelé marcou o terceiro gol. Fechando o placar, Dembrowsky fez o segundo gol da Romênia aos 37 da segunda etapa.
Nas quartas de final o Brasil enfrentou a seleção do Peru, que era treinada por Didi, que havia sido bi-campeão do mundo como jogador pelo Brasil em 58 e 62. A data foi dia 14 de junho, estádio Jalisco. O Brasil venceu os peruanos por 4X2, que não eram uma seleção tão fraca. Eles contava com o ídolo Cubillas e Gallardo, que atuou pelo Palmeiras nos anos 60. O Brasil marcou primeiro aos 11 minutos com Rivellino. Tostão fez o segundo quatro minutos depois, dobrando a vantagem brasileira. Gallardo diminuiu para os peruanos aos 28. No segundo tempo, Tostão marcou o terceiro para o Brasil, aos 13. Cubillas fez o segundo aos 25. Aos 30 do segundo tempo, Jairzinho fechou a contagem para o Brasil e nos classiifcou para as semifinais.
Dia 17 de junho de 1970: Brasil e Uruguai, vinte anos depois voltam a se enfrentar em um partida de Copa do Mundo. No lado brasileiro a tensão do fantasma de 1950, a imprensa brasileira fazendo alarde da final perdida no Maracanã, só que a maioria dos jogadores do Brasil eram muito pequenos em 1950. Aos 19 de partida, Cubilla abriu o placar para a Celeste, após falha da defesa brasileira. Ele fez o gol meio de canela, deixando o fantasma de 50 assombrar o Brasil durante alguns minutos. Apenas no final do primeiro tempo os brasileiros se acalmaram com um gol de Clodoaldo.Jarizinho marcou o gol da virada brasileira no segundo tempo. E fechando a partida, Rivellino fez o terceiro.
Os pontos mais marcantes do jogo foram os lances fantásticos de Pelé sobre o goleiro uruguaio Mazuckievski. Em um deles, Pelé deu uma "meia lua" no goleiro celeste, e a bola saiu para fora. O outro lance foi uma cobrança de tiro de meta de Mazuckievski e Pelé de primeira chutou pro gol, prontamente defendida pelo goleiro.
Dia 21 de junho de 1970, estádio Azteca, Cidade do México. É chegado o dia da grande final entre Brasil X Itália. Os dois bi-campeões mundiais que se enfrentaram também pela posse definitiva da Taça Jules Rimet. A seleção italiana havia sido campeã europeia dois anos antes, em 1968. A base do time era a do Cagliari, time campeão italiano na temporada 1969/70. Mas a Azzurra estava cansada após um jogo difícil contra a Alemanha nas semifinais que terminou em 4X3 para os italianos com direito a prorrogação.
Logo aos 18 minutos, Pelé recebeu a bola de Rivellino na área numa cabeçada perfeita, abriu o placar para o Brasil.O empate italiano surgiu depois de uma falha de Clodoaldo, Bonisegna roubou a bola do meia brasileiro, passou pelo goleiro Félix e fez 1X1. Aos 20 minutos do segundo tempo, Jarizinho marcou o segundo gol para o Brasil. Aos 25, foi a vez de Gerson fazer o terceiro. Aos 41 do segundo tempo numa jogada de pé em pé, após passe magistral de Pelé, Carlos Alberto fuzilou para fazer o quarto gol e garantir o tri. Carlos Alberto Torres recebeu a taça a beijou e levantou para o delírio dos brasileiros e mexicanos, que invadiram o campo após o apito final.
A seleção brasileira vinha de um verdadeiro vexame da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. Para tentar conquistar o tri na terra dos Beatles, Vicente Feola convocou mais de 40 jogadores, sendo que um deles foi convocado erroneamente (Ditão do Flamengo foi convocado por engano como se fosse o Ditão do Corinthians). O resultado foi um fiasco, deixando o Brasil de fora na primeira fase.
Entre 1966 e 1969 a seleção brasileira passou por uma entressafra de jogadores, a geração bi-campeã do mundo em 58 e 62 já estava envelhecida. Os poucos jogadores que se salvaram do fracasso de 1966 foram aproveitados para atuar na seleção.
O jornalista João Saldanha assumiu o comando técnico da seleção brasileira. Ex-treinador do Botafogo, de temperamento explosivo e simpatizante do extinto Partido Comunista ele era visto com desconfiança pelos generais. Com Saldanha o Brasil fez um grande campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas. As chamadas "Feras de Saldanha" derrubaram as seleções da Colômbia, Venezuela e Paraguai. Quase sempre por goleadas. O jogo que garantiu a vaga do Brasil na Copa do Mundo foi uma vitória por 1X0 sobre o Paraguai no Maracanã com um gol de Pelé.
Logo após a clasisficação, os conflitos entre o treinador e os jogadores cresceram. Saldanha dizia aos quatro ventos que Pelé estava ficando cego, que Gérson era covarde e que Tostão não tinha condições de jogar profissionalmente, pois havia recebido uma bolada no olho, que causou descolamento de retina, jogando pelo Cruzeiro. Além disso chegou a desafiar o presidente do Brasil o general Emílio Garratzazu Médici em não convocar Dario, jogador do Atlético Mineiro, o preferido do presidente. Nessa ocasião ele disse a seguinte frase:"Eu não me meto no seu Ministério, então o senhor não se meta no meu time.".
Após essa polêmica, João Saldanha foi demitido. Para o seu lugar, Zagallo, foi convidado pra substituí-lo. Antes de treinar a seleção, o Velho Lobo havia treinado o Botafogo e conquistado o Campeonato Carioca de 1968 e a Taça Brasil do mesmo ano. Coincidência ou não, na convocação oficial para a Copa, o nome de Dario apareceu na relação. E a seleção embarcou às pressas para o México para poderem se aclimatar à altitude.
No grupo de Zagallo, dizia a lenda que ele tinha cinco camisas 10 do meio campo pra frente. Mas isso não era verdade: Pelé era 10 no Santos, Rivellino era 10 no Corinthians, Gérson era 10 no São Paulo e Jairzinho era 10 no Botafogo. Tostão, que seria o 10 do Cruzeiro, na verdade usava a camisa oito.
O Brasil pegou um grupo considerado por muitos o mais difícil da Copa. Ficou no Grupo 3 junto com a Tchecoeslováquia, vice-campeã de 62, e ainda uma seleção fortíssma. Inglaterra, campeã mundial de 1966, que manteve praticamente o mesmo grupo. E a Romênia, que era o adversário mais fraco do grupo.
A estreia brasileira foi no 3 de junho no Estádio Jalisco, em Guadalajara. O adversário era a Tchecoeslováquia. Logo aos 12 minutos Petras, o camisa oito da seleção tchecoeslovaca marcou o gol e ao comemorar fez o sinal da cruz, meio errado. O empate brasileiro veio de uma patada de Rivellino numa cobrança de falta. A virada foi com um belo gol de Pelé. Os terceiro e quarto gols foram marcados por Jairzinho. Um lance antológico desta partida foi um chute de Pelé do meio do campo o goleiro tcheco Victor correu desesperado atrás da bola, que por sorte dele foi para fora. Brasil 4X1 Tchecoeslováquia.
A partida seguinte foi contra a Inglaterra, atual campeã. Dia 7 de junho, no mesmo estádio Jalisco. Foi uma partida extremamente dura. O grande momento do jogo foi a defesa impressionante de Gordon Banks de um cabeçada de Pelé. O gol foi resultado de uma bela jogada entre Tostão e Jairzinho, que marcou para os brasileiros, que se garantiram na segunda fase da Copa após essa vitória.
Encerrando a primeira fase, foi a vez de enfrentarem a Romênia. Já classificados para as quartas de final, Zagallo tirou alguns titulares do time para poupar. O jogo foi no dia 10 de junho e o estádio Jalisco novamente foi o palco. Sem os seus principais jogadores, o Brasil teve alguma dificuldade com os romenos. Aos 20, Pelé fez o primeiro gol brasileiro. Dois minutos depois, foi a vez de Jairzinho ampliar a vantagem. Aos 33 o romeno Dumitrache diminuiu. No segundo tempo, Pelé marcou o terceiro gol. Fechando o placar, Dembrowsky fez o segundo gol da Romênia aos 37 da segunda etapa.
Nas quartas de final o Brasil enfrentou a seleção do Peru, que era treinada por Didi, que havia sido bi-campeão do mundo como jogador pelo Brasil em 58 e 62. A data foi dia 14 de junho, estádio Jalisco. O Brasil venceu os peruanos por 4X2, que não eram uma seleção tão fraca. Eles contava com o ídolo Cubillas e Gallardo, que atuou pelo Palmeiras nos anos 60. O Brasil marcou primeiro aos 11 minutos com Rivellino. Tostão fez o segundo quatro minutos depois, dobrando a vantagem brasileira. Gallardo diminuiu para os peruanos aos 28. No segundo tempo, Tostão marcou o terceiro para o Brasil, aos 13. Cubillas fez o segundo aos 25. Aos 30 do segundo tempo, Jairzinho fechou a contagem para o Brasil e nos classiifcou para as semifinais.
Dia 17 de junho de 1970: Brasil e Uruguai, vinte anos depois voltam a se enfrentar em um partida de Copa do Mundo. No lado brasileiro a tensão do fantasma de 1950, a imprensa brasileira fazendo alarde da final perdida no Maracanã, só que a maioria dos jogadores do Brasil eram muito pequenos em 1950. Aos 19 de partida, Cubilla abriu o placar para a Celeste, após falha da defesa brasileira. Ele fez o gol meio de canela, deixando o fantasma de 50 assombrar o Brasil durante alguns minutos. Apenas no final do primeiro tempo os brasileiros se acalmaram com um gol de Clodoaldo.Jarizinho marcou o gol da virada brasileira no segundo tempo. E fechando a partida, Rivellino fez o terceiro.
Os pontos mais marcantes do jogo foram os lances fantásticos de Pelé sobre o goleiro uruguaio Mazuckievski. Em um deles, Pelé deu uma "meia lua" no goleiro celeste, e a bola saiu para fora. O outro lance foi uma cobrança de tiro de meta de Mazuckievski e Pelé de primeira chutou pro gol, prontamente defendida pelo goleiro.
Dia 21 de junho de 1970, estádio Azteca, Cidade do México. É chegado o dia da grande final entre Brasil X Itália. Os dois bi-campeões mundiais que se enfrentaram também pela posse definitiva da Taça Jules Rimet. A seleção italiana havia sido campeã europeia dois anos antes, em 1968. A base do time era a do Cagliari, time campeão italiano na temporada 1969/70. Mas a Azzurra estava cansada após um jogo difícil contra a Alemanha nas semifinais que terminou em 4X3 para os italianos com direito a prorrogação.
Logo aos 18 minutos, Pelé recebeu a bola de Rivellino na área numa cabeçada perfeita, abriu o placar para o Brasil.O empate italiano surgiu depois de uma falha de Clodoaldo, Bonisegna roubou a bola do meia brasileiro, passou pelo goleiro Félix e fez 1X1. Aos 20 minutos do segundo tempo, Jarizinho marcou o segundo gol para o Brasil. Aos 25, foi a vez de Gerson fazer o terceiro. Aos 41 do segundo tempo numa jogada de pé em pé, após passe magistral de Pelé, Carlos Alberto fuzilou para fazer o quarto gol e garantir o tri. Carlos Alberto Torres recebeu a taça a beijou e levantou para o delírio dos brasileiros e mexicanos, que invadiram o campo após o apito final.
Os 22 tricampeões do mundo:Félix (Fluminense), Ado (Corinthians), Leão (Palmeiras), Brito (Flamengo), Roberto Miranda (Botafogo), Piazza (Cruzeiro), Carlos Alberto (Santos), Clodoaldo (Santos), Baldocchi (Palmeiras), Fontana (Cruzeiro), Marco Antônio (Fluminense), Everaldo (Grêmio), Jairzinho (Botafogo), Gérson (São Paulo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos), Rivellino (Corinthians), Joel (Santos), Paulo Cezar Caju (Botafogo), Edu (Santos), Dario (Atlético Mineiro) e Zé Maria (Portuguesa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário